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Arquétipo

 

Obá é um orixá feminino da cultura Nagô e pouco cultuado no Brasil apesar de constar alguns rituais, principalmente ligados ao tempo e do jogo de búzios onde responde um dos odus. Obá representa a água doce dos rios, mais precisamente as águas revoltas, que estão em constante movimento, onde cada onda se choca com a outra, num movimento contínuo que reforça miticamente a imagem da luta constante, de disputa interna, ou seja, consigo mesmo, ao mesmo tempo que o antagonismo convida a luta.

É considerado o Orixá do rio Obá, que fica na Nigéria.

Apesar de algumas lendas darem Obá como uma das esposas de Xangô, o seu perfil de guerreira, dura e inflexível a coloca como par ideal correspondente ao arquétipo feminino de Ogum.

Segundo Pierre Verge, os filhos e filhas de Obá são considerados ciumentos, possessivos no amor, possuidores de uma grande capacidade de lutar e resistência e que nunca se furtam ao trabalho duro.

Em Obá, a masculinidade se apresenta de forma mais equilibrada do que em Ogum, considerando que Obá é um Orixá feminino ao contrário de Ogum que é masculino.

Apesar da sina de sofredora no amor, os filhos e filhas de Obá são também marcados com a estrela da ascensão social e do sucesso.

Lenda

 

Obá sabia que Xangô apreciava as constantes receitas novas que Oxum lhe preparava, mostrou-se disposta a aprendê-las.

Para isto, procurou Oxum e pediu-lhe que a ensinasse. Entretanto Oxum não estava disposta a abrir mão de seus segredos. Resolveu então pregar-lhe uma peça. Marcou um horário para que Obá fosse a sua casa aprender a receita que teria poderes mágicos sobre os sentimentos de Xangô.

Obá foi e Oxum então preparou uma sopa que continha dois cogumelos. Usava um pano amarrado à cabeça, escondendo as orelhas. Disse-lhe que esta receita era a favorita de Xangô.

Ao voltar para casa, Obá preparou uma sopa na qual colocou uma de suas orelhas, e serviu a Xangô.

A reação de Xangô ao ver a imagem de Obá com uma das orelhas cortadas foi terrivelmente negativa. E ainda foi pior quando viu o prato de comida que esperava por ele. Repreendida por ele, e ainda teve que aguentar a gozação de Oxum que revelou ter sido uma peça que lhe pregara. Então as duas se engalfinharam numa terrível luta física, que só terminou com a explosão de cólera da parte de Xangô, o que fez as duas fugirem apavoradas, cada uma para um lado. Este pavor matou-as, transformando-as nos rios que atualmente levam seus nomes.

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