top of page

Lenda

 

Conta uma lenda que Nanã exercia poder sobre uma comunidade. Era a juíza, a que distribuía o castigo para os homens. Quando as esposas da tribo iam procurá-la para reclamar de seus maridos, era quase certo que Nanã mandava buscar o marido faltoso, que, sem chance de defesa, era amarrado a uma árvore para ser assustado pelos eguns, a comando de Nanã.

O Conselho dos Orixás considerou este ato de Nanã como injusto e que, a resolução para o comportamento problemático de Nanã era ela se casar, para ter que submeter-se à autoridade de um marido. Mandaram então  à terra de Oxaguiã, a forma jovem do duplo Oxalá, que pediu pouso para Nanã, no que foi atendido.

Oxaguiã fez com que Nanã tomasse uma beberagem com efeitos mágicos e ela acabou se apaixonando por ele. Mostrou a ele todo o reino, dividiu tudo com ele, velando apenas o seu ingresso no jardim dos eguns, procurando assim assegurar-se da perturbação do poder temporal.

Oxaguiã espionando Nanã, aprendeu o que precisava para se comunicar com os espíritos dos mortos e, fantasiando-se de mulher, disfarçando-se na própria Nanã, foi ao Jardim dos eguns e ordenou que estes passassem a obedecer não mais a Nanã e sim ao moço jovem com quem ela vivia, ou seja, ele próprio. Ao descobrir o acontecido, Nanã guerreou com Oxaguiã mas acabou por submeter-se a ele por estar apaixonada.

Mas Oxaguiã pagou um pequeno preço: em função do disfarce que usou, tem de vestir saia até o fim dos dias.

Arquétipo

 

Nanã é um Orixá feminino de origem Daometana. Ao ser incorporada à mitologia Yorubá como Orixá quando o povo Nagô conquistou o Daomé (hoje Benin), os preceitos e fundamentos deste Orixá foram adaptados à cultura Yorubá.

A ela é atribuído o poder sobre os mortos. Na terra dos homens, os filhos de Nanã são eguns, as almas dos mortos, pois é ela quem reconduz ao terreno do astral as almas daqueles que Oxum (a maternidade) colocou no mundo real. A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta.

Como a figura mãe já estava sendo ocupada na mitologia Nagô, em versões e momentos diferentes, tanto por Yemanjá como por Oxum, em nome de sua antiguidade Nanã acabou assumindo o papel de avó na reprodução do conceito de família.

Como arquétipo, severa e austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou de uma explosão emocional. Jurar por Nanã implica num compromisso sério e inquebrável.

bottom of page